O Banquete - Platão


Anselm Feuerbach - Symposium 


Texto  


O texto de Platão é apresentado em forma de diálogo e relata o discurso dos pensadores Fedro,  Pausânias,  Erixímaco, Aristófanes, Agatão,  Sócrates e  Alcibíades em homenagem a Eros, durante uma festa na casa de Agatão. Após as celebrações, os convidados se reúnem para elogiar o Amor através de um concurso, onde a fala mais aclamada vence. Em busca do conceito de Eros, várias questões são levantadas. Seria ele um deus, bom, belo, bonito? Para Fedro o amor é o deus mais antigo, ele é uma convenção das relações humanas; Pausânias separa as duas naturezas diferentes de Afrodite fazendo distinção entre Urânia (amor pela alma, bom) e Pandemia (amor pelo corpo, mau); Erixímaco faz um discurso médico ressaltando que o amor é a harmonia e a atração entre os opostos; Aristófanes conta o mito dos andróginos e apresenta o amor como uma busca contínua pelo ser amado; Agatão defende a natureza divina do amor, o belo; Sócrates relata a fala de Diotima de Mantinéia, que lhe instruiu sobre a natureza do amor. Por fim, Alcibíades faz um elogio a sabedoria de Sócrates. Segue um trecho da conclusão de Sócrates sobre o amor. 
“Em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que em si é belo
O diálogo é construído de forma crescente, onde as falas se complementam e abrem espaço para a discussão gerando questionamentos. Sócrates sai vencedor do concurso defendendo a busca pelo belo e pelo bem, através do amor. Para que assim se possa gerar o belo em si, ou seja, a sabedoria.

Citação

Sócrates citando a maneira como Diotima explica a natureza do amor, composta pelos extremos de falta e suprimento. 
 " Primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador terrível, sempre a tecer  maquinações, ávido de sabedoria e cheio de recursos, a filosofar por toda a vida, terrível mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai (...)"

Curiosidades


Documentário da BBC com Trechos da Obra

 Interpretação e Explicação da Obra pelo StudioClio


Avaliação 

É interessante pensarmos como este texto influencia nas percepções sobre o que é o amor até hoje. Nota-se que a palavra amor é usada excessivamente em músicas, poemas e textos. Porém pouco se fala sobre a natureza desse amor. No texto, os diálogos nos mostram como nosso julgamento sobre o amor foi/é influenciado pelos Gregos. As ideias românticas: encontrar a alma gêmea, os opostos se atraem, a necessidade do outro, o equilíbrio, a distinção entre amor e paixão, são pontos discutidos até então. Foi interessante perceber no fim do texto, a maneira como a carência de Alcebíades representa o elemento que a sabedoria de Sócrates pode suprir, exatamente como Diotima relatou, ou seja, a relação entre quem ama e aquele que é amado. 

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