Os Sofrimentos do Jovem Werther - Goethe
Conhecido pela suposta onde de suicídios que provocara, Os Sofrimentos do Jovem Werther é o primeiro romance alemão em prosa, onde Goethe mistura sua autobiografia e estilo de vida, com os dramas do amor romântico idealizado. Segundo seu personagem "A vida humana não passa de um sonho!"
O texto é formado por cartas que Werther envia a seu amigo Wilhelm e esta dividido em duas partes. Na primeira parte do texto Werther conhece Charlotte e se encanta pelas suas maneiras e pela forma como ela cuida de seus irmãos. Ele esta distante da cidade, e observa a natureza, descreve a paisagem e o campo com detalhes. Além de fazer um favor para sua mãe o jovem também aproveita para esquecer um amor. Mas ao conhecer Charlotte ele cai em desgraça novamente pois a moça esta comprometida com Alberte, que será seu marido. Na segunda parte há uma desconexão de Werther com a ordem do mundo, o que ocasiona seu suicídio logo após beijar Charlotte e saber que ela o ama mas seu amor é impossível.
Werther é um apaixonado em todos os sentidos. Apaixonado por arte, música, literatura. Na sua narrativa fica bastante clara este exagero em relação aos sentimentos e a necessidade de expressa-los. Vemos também o desespero do jovem frente a vida e sua paixão em contraste com a depressão, a tristeza, a melancolia. A decepção por não conseguir alcançar seu objeto amado. Temos, a modernidade como período que marcar mais do que nunca a introspeção e a reflexão sobre as questões do mundo. Neste caso, especificamente quando se trato do amor e da paixão. Aqui o amor, neste molde romântico nos é apresentado como doença, juntamente com a apatia e este mal estar, de dúvida em relação ao futuro. A eloquência do jovem na melancolia através de suas reflexões ficam evidentes em trechos como:
Em relação à Charlotte: Ah esse vácuo medonho que sinto em meu seio! Muitas vezes penso...Se pudesses uma vez, uma só vez, apertá-la ao meu peito, todo esse vácuo haveria de se encher.
A estória num primeiro momento parece apenas mais um história de amor não correspondido com final trágico mas Goethe coloca uma serie de questionamentos e constrói este livro de forma bem intrigante, no tocante a subjetividade do indivíduo, a figura da mulher como personagem literária, as relações humanas e seus infortúnios, a natureza vista como elemento de conexão com o ser divino e muitos outros.
![]() |
Goethe |
Rio-me do meu coração ... e só faço o que Ele quer. Não lhe faltam as forças precisamente quando lhe são mais necessárias?Tenho medo de mim mesmo! O mundo inteiro deixou de existir.
Em relação à Charlotte: Ah esse vácuo medonho que sinto em meu seio! Muitas vezes penso...Se pudesses uma vez, uma só vez, apertá-la ao meu peito, todo esse vácuo haveria de se encher.
[...]Tenho tanto! E o sentimento que tenho por ela devora tudo. Tenho tanta coisa, mas sem ela tudo para mim é como se não existisse.Em relação à natureza: Sim, é isso mesmo! Assim como a natureza se inclina para o outono, também o outono vive dentro de mim e em torno de mim. As folhas da minha alma vão amarelecendo, enquanto as folhas das árvores vizinhas tombam.
![](https://bynique.files.wordpress.com/2011/07/18022_179.jpg?w=652)
É possível fazer um contraponto com a obra de Platão, O Banquete, onde, em um dos discursos, Eros é representado pela falta e pelo suprimento, marcado pela natureza dupla. Em Werther seria o seu amor por Charlotte e a morte como única forma de perpetuar este sentimento de forma bela, tornando-o inesquecível. Além de ser o fim dos sofrimentos de Werther...
O amor romântico tal como é nos
apresentado aqui, prevalece muito no tempo presente. A mídia explora este
idealismo de maneira cruel muitas vezes, best-sellers, novelas, Hollywood
e outros utilizam deste molde para produzir entretenimento. O que nos coloca,
de certa forma, próximos a Werther. Sensibilizamo-nos com a história do jovem,
porém, já não estamos tão apegados a este idealismo exagerado onde à única
solução é a morte. Felizmente conseguimos voltar à ordem do mundo através
do trabalho, do tempo e principalmente da razão. Para concluirmos, segue mais uma reflexão do jovem...
Comentários
Postar um comentário