Romances da Távola Redonda

Recentemente, vocês devem ter ouvido falar do filme REI ARTUR, que estreou nos cinemas do Brasil e do mundo e, por sinal, fez muito sucesso! Essa nova trama cinematográfica reavivou uma história antiga: Os Romances da Távola Redonda, escrito por !



Mas, diferente do que você deve estar pensando, o nosso protagonista não é o tal Rei Artur, e sim LANCELOT, o melhor cavaleiro do mundo e também o mais perfeito amante do mundo! Mas não adianta tentar conquistar o coração dele, pois ele é subjugado pelo amor do Guinevere (esposa do Rei Artur! o.O) e a ação do livro se concentra no salvamento dessa mulher pelo Lancelot. E para salvar sua amada Guinevere ele usa o meio de transporte vil (a charrete, normalmente utilizada para transportar prisioneiros, ao que ao final ele também acaba se tornando um prisioneiro) em vez do nobre cavalo que marca as histórias de cavalaria, é daí (obviamente) que vem o nome deste livro.
Guinevere é levada da corte do seu esposo, o Rei Artur, pelo cavaleiro Meleagant. Quem vai resgatá-la é Lancelot, que enfrenta perigos e provações, mas crê que

"AQUELE QUE NÃO SE ATREVE A SEGUIR AS ORDENS DO AMOR COMETE UM GRANDE ERRO"

A sua trajetória envolve brigas, como um bom cavaleiro que é, mas ele sai delas vitorioso. No entanto, nem tudo sai como ele esperava: uma série de acontecimentos faz com que a rainha Guinevere seja fria ou calorosa com ele. Apesar disso, no final, ele e seu amor triunfam, e tanto a honra de Guinevere quanto a nobreza de Lancelot sobrevivem intactas!
Todas essas coisas pelas quais passa Lancelot fazem que em nossas mentes se forme a imagem do herói cavalheiresco, a qual também podemos entender por trechos da obra quando esta se refere ao oponente, Meleagant, que o que tem de belo fisicamente, em seu caráter reflete tudo o que há de mau e desonesto. Contudo, o vilão se mostra valente para disputas e nada o faz estremecer, a ponto de desrespeitar o pai que, ao lhe aconselhar prudência, lealdade e paz, ouve as seguintes palavras:

“Não peço que por mim pratiqueis deslealdade ou traição, já que vos agrada, sede homem probo e deixai-me ser cruel!” (p. 160)

Sobre Lancelot, pode-se ler frases como:

“Ele subiu em charrete e é justo que deseje estar morto, pois mais valeria morto que vivo. Doravante sua vida é vergonhosa e desprezível e infeliz” (p. 132).

Mas depois, ele reconquista sua honra!

“O cavaleiro da charrete vai devaneando, como homem que não tem força nem defesa contra Amor que o governa. Esquece de si mesmo, não sabe se existe ou não. De seu próprio nome não lembra. Não sabe se está armado ou não. Não sabe aonde vai, donde vem. De nada lembra, exceto de uma cousa, uma única cousa, e por ela olvidou todas as outras. Nela (Guinevere) somente pensa tanto que nada vê nem ouve.” (p. 134) 

Tanto é o amor de Lancelot por Guinevere que ele repele Damasiela, das Vésperas, descrita como muito graciosa, bela, bem-feita de corpo e bem-vestida. De fato, Lancelot tem por ela um amor sem igual, ainda que indevido.

CURIOSIDADES

  • Esse é um romance raro do autor em que o amor acontece fora do casamento, diferente das outras histórias por ele escritas
  • Percebe-se que Chrétien através de seus poemas de 1160-1180 era um membro menor do clero.
  • No período em que Chrétien escreveu sua obra, havia na França duas culturas diferentes pelos seus dialetos:  No sul os trovadores que usavam a langue d’oc  e os trouvères do norte que usavam a langue d’oÏl.
  • Chrétien revolucionou o tema de romances de cavalaria pelo amor cortês entre Lancelote e Guinevere, ao que se soma o fato de ser um amor entre um cavalheiro e uma mulher casada com outro.
  • O gênero do romance de cavalaria perde força com a chegada do Renascimento.
  • Em sua morte de 1190 seu poema que estava escrevendo chamado “ Perceval” ou “ O conto do Graal” permaneceu inacabado.



AVALIAÇÃO
Uma história de cavalaria diferenciada, com um herói apaixonada por uma mulher casada.
Vale a pena conhecer a história que permeia todos os contos cavalheirescos, da literatura da origem do nosso mundo como o conhecemos.
É uma história envolvente, que nos mostrará um pouco mais da literatura francesa e mundial. :)

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